30 de janeiro de 2007

A minha consciência

Diz-se que se deve votar em consciência, não é? Pois a minha ainda não se decidiu. Não vale a pena falarem-me no vão de escada e nesse folclore todo, porque não é por aí que eu me decido: é claro que quem não quer filhos não os deve ter, mas as pessoas têm filhos pelos mais variados motivos, e ninguém tem nada com isso.
Há quase 4 anos tive um aborto espontâneo às oito semanas de gestação, ainda nem tinha feito a 1ª ecografia e estava apenas a começar a habituar-me à ideia de que iria ter um filho. Aos primeiros sinais de hemorragia dirigi-me ao Hospital de Santa Maria, uma ecografia realizada na presença de uns 7 estudantes de medicina não detectou batimento cardíaco, mas a máquina era pouco fiável, era melhor voltar no dia seguinte, logo pela manhã, para realizar nova ecografia com outra máquina, outra equipa. Na manhã seguinte voltei ao hospital, nova ecografia, nova equipa médica, uma pílula abortiva para ajudar à expulsão do embrião morto e procurar acelerar o processo, e a indicação de regressar na segunda-feira seguinte para verificar se seria necessária raspagem. Posso garantir-vos que tive bastantes dores durante o fim-de-semana, e era apenas um processo de expulsão. Na segunda-feira apresentei-me no hospital e, para evitar infecções, passei pelo procedimento da raspagem. Fiz tudo "by the book" e tive a consolação do "você é nova, dentro de seis meses consegue uma nova gravidez".
Como passam já 4 anos da data e eu não voltei a engravidar as minhas dúvidas sobre o processo são muitas. O que me faz mais confusão é que começo a acreditar que o processo de aborto não é nada inócuo, mesmo feito nas melhores condições. Claro que perguntei directamente à minha médica se a dificuldade em engravidar é decorrente do que passei, claro que fiz várias ecografias posteriores para confirmar que tudo estava normal, a resposta é típica de um médico: em princípio, não…

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